Quando se pensa em custos médicos, a maioria das pessoas se volta para o público mais velho, conhecido por suas constantes visitas a consultórios. Entretanto, a realidade aponta para um conceito bem mais amplo, incluindo também os chamados "millennials" (nascidos entre 1981 e 1995) entre os clientes exigentes e cada vez mais ativos dos seguros de saúde.
Essa preocupação em ter um convênio médico demonstra uma das preocupações desta geração, que é poder usufruir de mais qualidade de vida enquanto ainda é uma parte essencial da força de trabalho. Um ponto que complementa a vontade cada vez mais latente de ter um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal - conceito que segue em crescente, especialmente com empresas que estimulam esses cuidados entre seus colaboradores.
O cenário descrito até aqui não é uma exceção de apenas algumas localidades. Na América Latina, por exemplo, especialistas preveem um aumento razoável nas taxas destinadas aos serviços médicos. E uma das razões para essa tendência de crescimento é a abordagem proativa das próprias empresas - que terão um papel significativo quando se pensa em aumento ou redução dos custos médicos.
Segundo o Relatório Global de Tendências de Custos Médicos 2020 da Aon, o aumento médio de gastos no setor brasileiro será quase três vezes maior que a taxa média de inflação nos próximos anos. Mas essa não é exclusividade no país e sim uma tendência global, com custos que excedem os níveis de inflação.
No caso da América do Sul, o relatório apontou que os principais elementos que geram um aumento dos custos médicos são a hospitalização, o uso de clínicas e laboratórios para exames e os medicamentos prescritos pelos especialistas.
Já quando o assunto são as enfermidades que levam os brasileiros a buscar atendimento médico, as principais doenças que elevam os custos médicos são:
Outro ponto importante é o impacto do trabalho no aumento dos custos médicos. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), os problemas de saúde no trabalho geram perdas de até 6% do PIB (Produto Interno Bruto) em países de todo o mundo.
Em contrapartida, as empresas que se esforçam para incentivar a saúde ocupacional por meio de ações diversas conseguem reduzir o absentismo por doença em até 27% - que representa 26% de redução nos custos por cuidados de saúde.
Neste cenário, a América Latina se destaca como a região mais avançada em termos gerais nas ações relacionadas à saúde e bem-estar, de acordo com o Relatório Global de Tendências de Custo Médico 2020. Uma boa notícia que exemplifica uma maior consciência dos empregadores no planejamento de ações que visam a prevenção e mitigação de doenças entre seus colaboradores.
Além de conscientizar por meio da educação e promover uma cultura de prevenção, esse tipo de abordagem auxilia na redução dos custos para controlar as doenças crônicas - que aparecem no ranking citado anteriormente (a respeito das enfermidades que mais levam os brasileiros a buscar atendimento médico).
Os dados apontados no relatório Aon ajudam na compreensão de uma análise mais profunda relativa ao papel das empresas na redução dos custos médicos.
Quando o empregador incorpora estratégias preventivas, como controle de saúde e educação, em seus planos de bem-estar, essas ações auxiliam na redução de doenças crônicas. Isso é feito não apenas por meio de consultas e exames, mas também com disseminação da importância de alimentação saudável e programas de incentivo à atividade física, por exemplo.
Além disso, também se vê uma crescente de estratégias que visam controlar o uso excessivo do plano médico, como ajustar a cobertura dos planos e adicionar planos de benefícios flexíveis para limitar os custos das mensalidades. Há ainda iniciativas interessantes quando há uma ampla concentração física de colaboradores em um só lugar com a criação de complexos que oferecem diversos serviços médicos, além de atividades que visam o bem-estar - como academias e aulas de meditação.
Apesar de não termos uma resposta universal para o desafio de reduzir os custos, o papel das empresas se destaca como protagonista desta questão, assim como a implementação de uma cultura de saúde e bem-estar se tornou um dos pilares para atingir esse objetivo.